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O terramoto turístico que abalou Lisboa: o que se investigou sobre isto

A pandemia afastou temporariamente os turistas da capital. Não será esta a altura ideal para repensar o seu regresso de forma sustentada? Nos últimos anos, investigadores das artes e das ciências sociais e humanas alertaram-nos para as consequências da massificação turística. Recordamos três.

Em 2014, o grupo espanhol Colectivo Left Hand Rotation promoveu a intervenção urbana “TERRAMOTOURISM” em Lisboa, equiparando o terramoto de 1755 ao sismo turístico que devastou Lisboa. O projeto espalhou pelas ruas da cidade cartazes com “instruções de emergência em caso de transformação urbana produzida por sismo turístico”, lê-se na dissertação de mestrado em Estudos Urbanos (2018) de Carolina Maia Piccolo. A investigadora explorou o conceito de arte útil através da análise de movimentos artísticos com impacto em Lisboa e no Rio de Janeiro.

“A ‘arte útil’ procura transformar o contexto político e social no qual o artista se dispõe a propor uma iniciativa”, escreve a investigadora. Esse tipo de arte relaciona-se diretamente com o ativismo – é a “arte como revolução”.No final da intervenção, que durou dois anos, o Colectivo Left Hand Rotation lançou um documentário onde aprofunda discussões sobre o turismo e o seu impacto na cidade.

 

Também o filme Cidade Guiada, que resultou de uma dissertação de mestrado em Antropologia (2014), documenta a forma como o turismo tem acelerado o processo de reabilitação de bairros históricos da cidade, uma realidade que tem como reverso da medalha a perda de antigos habitantes e das “pessoas autênticas”, conta Catarina Leal, que acompanhou visitas guiadas por Alfama, Mouraria e Graça para fazer a investigação.

A crise habitacional que se vive em Lisboa também é uma das consequências do turismo, em particular devido à subida dos alojamentos locais. Mariana Brandelli Ribeiro afirma, na sua dissertação de mestrado em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território (2017), que “a intensidade de turistas aumenta de tal maneira que podemos considerá-los a categoria mais importante de utilizadores da cidade”. A investigadora sugere que o centro histórico da capital seja zoneado, à semelhança do que acontece em Lisboa, e que se encerre o licenciamento de hotéis e alojamento local na zona histórica da cidade.

Imagem: cartazes afixados em Lisboa durante a intervenção artística do Colectivo Left Hand Rotation

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