É uma das capitais que tem visto o seu potencial turístico crescer nos últimos anos, em parte pelo seu património cultural e urbanístico. Exemplo disso é a variedade de palácios presentes em Lisboa, na primeira metade do século XVIII.
É inegável pensar em Lisboa sem considerar a presença de palácios na constituição da cidade. Mas qual será, de facto, a importância que estes edifícios têm para o património histórico e cultural da capital portuguesa? Pedro Lopes Miguel, na sua dissertação de mestrado em História Moderna e dos Descobrimentos (2012), explica alguns dos papéis dos palácios lisboetas, como o facto de servirem, na primeira metade do século XVIII, de principal ponto de referência geográfica para os lisboetas e para as suas lojas.
Numa época onde instrumentos como o Google Maps ou o Google Earth eram ainda inimagináveis como mecanismos de orientação espacial, a população lisboeta adotou estratégias para se localizar dentro de Lisboa.
Os diversos palácios da capital eram, portanto, marcos vitais na orientação geográfica dos habitantes da Lisboa do século XVIII. Por exemplo, a Rua do Arco do Marquês de Alegrete ou a Rua da Condessa de Cantanhede tinham esta designação por se situarem precisamente em sítios onde estes nobres tinham residência.
Curiosamente, alguns nobres podiam ainda adquirir alcunhas derivadas do bairro onde residiam, por parte de outros elementos da mesma classe social. É o caso da 1ª Marquesa de Alorna, que denominou de “Mourarias” as filhas dos marqueses de Alegrete, uma vez que o seu palácio se encontrava na Mouraria, refere o investigador.
Também os anúncios publicados no jornal da época, a Gazeta de Lisboa, tinham como marco estes edifícios palacianos. É o caso, por exemplo, de um anúncio feito no jornal a 21 de março de 1737, onde um dentista identifica o seu local de trabalho, curiosamente um espaço partilhado com um cabeleireiro, como estando “defronte do Marquez de Marialva”.
Os palácios de Lisboa da primeira metade do século XVIII, em que alguns mantêm ainda a mesma tipologia de fachada nos dias de hoje, caracterizavam-se pela sua “grande dimensão e volumetria, a simetria da sua fachada, a disposição regular das janelas” e ainda por “um andar nobre elevado, diferenciado dos restantes pelas suas janelas”, remata Pedro Lopes Miguel.
Fotografia: Palácio de Marialva, 1945, por André Salgado. Arquivo Municipal de Lisboa
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